sábado, 14 de julho de 2007

Black Mirror

Olhar à volta e perceber que os outros repararam em todos os pormenores. Até naqueles que apenas permitimos aos que partilham a nossa vida. Sentir que alguém nos rasgou a roupa pelo simples prazer de nos ver tremer de frio, mesmo com 34ºC. É irreversível o que foi visto. E o grande escudo situa-se nas elaborações cognitivas que o nosso corpo luta para não manifestar. E voltamos a ocultar especificidades e voltamos a vestir um sobretudo, mesmo com 34ºC, que não deixa perceber as formas básicas da nossa silhueta. Despimos o casaco na mesma proporção que o afecto dos outros nos envolve sem nunca o largar da mão. E só assim a capacidade de regeneração. É cansativo mas recompensador quando largamos tudo apenas sozinhos... verdadeiramente somos aquilo que se espelha nos reflectores de quatro cantos e deliciamo-nos com isso. A constatação de que não se desaparece e o reconhecimento nos esconderijos do nosso sistema límbico... sem ninguém por perto.

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