terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Silogismos

Se o gato caça o pássaro
E o cão caça o gato
Então, o cão caça o pássaro.

Mas para isso alguém tem de sofrer uma mutação genética nos membros superiores.

Analogias

Honey white ... made a deal for some angel food

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Kit SOS


Em dias semelhantes ao de hoje, se eu perder as capacidades de expressão, verbal ou não verbal, devem administrar-me 2 comprimidos do medicamento que consta na figura de 2 em 2 horas. Na minha mala, encontrarão uma carteira do dito fármaco. Obrigada.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Diálogos II

Ela - Olá! Por aqui?
Ele - Olá. É verdade. Vim ver se te via.
Ela - E conseguiste.
Ele - Trouxe estas flores para ti.
Ela - Sabes que odeio que me ofereçam flores.
Ele - Pensei que pudesses mudar de ideias.
Ela - Sabes que raramente mudo de ideias.
Ele - Pensei que isso também já tinha mudado.
Ela - Aí está uma boa razão para que tudo se mantenha: quereres mudanças. Fazes-me um favor?
Ele - Sim. Diz.
Ela - Põe as flores nesse lixo e fecha a porta quando saíres. Apetece-me contemplar o quadro dessa parede atrás de ti. E para isso, preciso que saias da frente. Obrigada.

Almoço 4 + 1

As diferenças entre os géneros encerram em si um tema já tão repetidamente repisado.
Ainda assim não posso deixar de comentar o almoço de hoje: de um lado, a menina do grupo encostada à parede e esmagada pela vergonha que, volte e meia, chamavam às suas faces; do outro lado, os quatro homens do grupo esquecidos de qualquer pudor, esquecimento esse provocado pela falta de filtro da menina...
Sentiu-se algum incómodo, especialmente quando as conversas eram monólogos descritivos da virilidade masculina... mas, cavalheiros como sempre, ao perceberem a falta de jeito, pegavam na menina e traziam-na de volta para aquele canto que têm reservado para ela, depois de, obviamente, ela o ter conquistado. Noutros instantes, o à vontade foi tão grande que acabámos por revelar acontecimentos pessoais como se falássemos da vida alheia.
Balanço final: fazer de tudo isto um estudo etológico e perceber as nossas semelhanças e diferenças nos instintos primários; tudo o resto é o vestuário que temos de usar para nos protegermos do frio; o curioso é que a mulher usa um vestido engomado e o homem umas calças sem vinco.
Ainda assim, continuando grata pela reclamação da minha companhia e esperando que se repita mesmo sendo o único espécime feminimo, acho que a lógica dos números deve traduzir-se, pelo menos, em 4 + 2. E, meus caros, não pensem que a ideia é abrir a possibilidade a outro diálogo cruzado mais cor de rosinha. Não. É que, com outro exemplar do género, teria tido coragem para entrar na sex shop do lado.

A nossa própria marca

“O sonho de todas as marcas é serem amadas. A compra é uma consequência, a paixão é o que importa.” (Edson Athayde)

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Desassossegos

"Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa - não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio.
Há muitos em quem o desasseio não é uma disposição da vontade, mas um encolher de ombros da inteligência. E há muitos em quem o apagado e o mesmo da vida não é uma forma de a quererem, ou uma natural conformação com o não tê-la querido, mas um apagamento da inteligência de si mesmos, uma ironia automática do conhecimento.
Há porcos que repugnam a sua própria porcaria, mas se não afastam dela, por aquele mesmo extremo de um sentimento , pelo qual o apavorado se não afasta do perigo. Há porcos de destino, como eu, que se não afastam da banalidade quotidiana por essa mesma atracção da própria impotência. São aves fascinadas pela ausência de serpente; moscas que pairam nos troncos sem ver nada, até chegarem ao alcance viscoso da língua do camaleão.
Assim passeio lentamente a minha inconsciência consciente, no meu tronco de árvore do usual. Assim passei o meu destino que anda, pois eu não ando; o meu tempo que segue, pois eu não sigo." Fernando Pessoa

Sol ou sombra? Eternas insatisfações



De um lado, tenho calor.
Do outro, tenho frio.
O meio não torna a temperatura amena.
Pouco tempo de um lado, não aqueço o suficiente.
Muito tempo, torro.
Pouco tempo do outro lado, não arrefeço o suficiente.
Muito tempo, morro de frio.
Algum tempo mas não muito daquele lado, o que aqueço é suficiente mas passa rápido.
Pouco tempo mas não tão pouco assim, o que aqueço é muito superficial.
Algum tempo mas não muito deste lado, arrefeço qualquer coisa mas o calor volta rapidamente.
Pouco tempo mas não tão pouco assim, o que arrefeço é suficiente mas ao passar pelo meio já o calor afronta.
Aqui, mesmo arrefecendo, a lã da indumentária resolve-me todos os problemas... até que tenho calor...
Do lado de lá, o calor aquece e não tenho como arrefecer... o que dá imenso jeito no verão...
Aqui, ali...

Frases que fazem corar (aos que coram, obviamente)

Um vibrador é como uma azeitona no Martini Bianco;
O Martini já é bom mas com a azeitona fica melhor...

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

fingers

"A man's best friends are his ten fingers."
-Robert Collyer

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

De terrível a positivo

Mais do que a velha máxima do copo meio cheio ou meio vazio, é transformar algo inexistente e impossível, em algo extraordinário, aliciante, em desenvolvimento e que será um sucesso.

proverb of hell

"Enough! or Too much"

W. Blake, 18th century

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Diálogos

Ele - Olá. Estás boa? Há cinco anos que não sabia nada de ti.
Ela - Olá. Há dois minutos nem sabia que existias.
Ele - É bom ver-te.
Ela - Não consigo ter qualquer sensação.
Ele - Ainda estás surpreendida?
Ela - Não. Estou a tentar perceber de onde é que te conheço exactamente.
Ele - Estás tonta? Sou eu.
Ela - Sim, eu sei. Mas, depois de cinco anos, já não faz sentido saber quem tu és.
Ele - Desculpa?
Ela - Não quero que deixes de ser um estranho. Espero encontrar-te em breve. Assim, já poderei lembrar-me de onde te conheço...

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

curta acerca da interrupção voluntária da participação democrática

Não fui à urna (irónica palavra...) assumo, sem rodeios. Agora que já todos orgulhosamente fizeram uso (ou não!) desse gracioso instituto, originário do que continua a ser, na minha óptica, o pior de todos os sistemas (com excepção de todos os outros) e que dá voz a todos sem comprometer ninguém, e puderam verbalizar, medir, contrapor, compilar, as suas definições de vida e morte, eis o que me assoma à mente: I love the sound of you walking away, walking away! Parabéns para quem acha que resolveu os seus problemas de consciência. Igualmente os meus pêsames para quem pensa que solucionou mais um problema social. É bom tomar duche no dia seguinte, lavar a culpa e perfumar a gangrena. Quem pensam que enganam??! Só tenho pena que as mulheres, que continuo a achar o sexo forte, se tenham deixado levar nesta maré de hipocrisia!....

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Ressabiamentos

Um cigarro é o protótipo do prazer perfeito. É delicioso e deixa-nos insatisfeitos.
Oscar Wilde

Conversa de circunstância

A pior...
... quando, ao não saberem o que dizer, rompem o silêncio (que, pelo menos para mim, não era constrangedor) com a seguinte pergunta: "Então, para a semana, vais andar por aí a dar formação?".
Para o que eu estou guardada...

Palavrão do dia

Dasse para o ISP!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Frase do Dia

Às vezes, é obrigatório espancar as pessoas de quem gostamos com toda a brutalidade.
E isto, meus amigos, não tem qualquer conotação fetichista.

Gigantic


segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Repeat off

Alguém já leu um livro pela segunda vez? Aqueles livros de 500 páginas que temos de ler por ordem crescente de páginas de modo a perceber a história? Já o fizeram de novo?
Não o façam. A história repete-se e o final deixa de ser aquele que queremos... ficamos mais exigentes. Queremos outra história, outro desenvolvimento, outras personagens (ou as mesmas mas diferentes) e certamente outra última página. Não o façam. Corre-se o risco de repetir momentos de vida. E isso é tão deprimente. Vou à livraria comprar outra história. Uma tarefa que é quase um objectivo de vida.
P.S. Nunca hei-de deixar de escrever «história» e adoptar o «estória»; era assim que estava escrito na capa dura dos meus primeiros livros infantis.

Ténue Ligação


A história do burro

Um dia, o burro de um aldeão caiu a um poço.
O animal zurrou fortemente durante algumas horas, enquanto o dono procurava ajuda para o retirar. Não a encontrando, acabou por decidir que, sendo o burro já velho e estando o poço já seco, o melhor era tapar o poço e não valia a pena tirar o burro.
Convidou então todos os vizinhos para o ajudarem. Cada um pegou numa pá e começaram a atirar terra para dentro do poço. O burro, ao ver o que se estava a passar, começou desesperadamente a zurrar.
Mas, pouco depois, para surpresa de todos, calou-se, e só se ouvia o som de pazadas a cair. O aldeão, olhando para o fundo do poço, ficou surpreendido com o que o burro estava a fazer. Sacudia a terra que ia caindo nas costas e dava mais um passo para cima da terra.
Rapidamente, todos viram com espanto como o burro chegou à boca do poço, saltou por cima dos bordos e partiu...
A vida vai-te atirar muita terra para cima, terra de todos os géneros. O segredo para saíres do teu poço é sacudi-la e usá-la para dares um passo para cima. Cada um dos nossos problemas é um degrau para subir.
Assim, podemos sair dos vazios mais profundos, se não nos dermos por vencidos...
Usa a terra que te atiram, para caminhares em frente.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Frases Feitas

"O amor não é a distante melodia de um violino; é o triunfante chiar das molas de um colchão."
S. J. Perelman

Analogias do Mundo


Actual Proof

Quando for grande, quero ser como este senhor... mesmo que isso implique mudar de tom de pele.

Cemitério de Pianos

Consegui dar nome ao meu cemitério depois de um livro que li recentemente com o mesmo título. Cemitério de pianos. O meu já começa a ter alguns... E o vosso? Alguns são de cauda, outros meros teclados que nem ousaram tocar. Digo isto com algum orgulho. Tenho um cemitério. O meu é de pianos... pianos, uma eterna frustação que me pesa a almofada à noite. Mas tenho um cemitério de coisas e pessoas que só eu percebo e consigo dar significado. Já vivi alguma coisa que me permite ter arquivo... aquele arquivo que, por ter passado um determinado tempo, já pode ser visto por outras pessoas... Tive esta mesma sensação quando, aos 16 anos, fui à escola primária buscar o meu processo. Todas as minhas fichas e testes que a senhora professora guardava numa pasta castanha - o meu processo - trancada a sete chaves. E posso garantir-vos que abrir aquela pasta e remexer em cada papel do seu interior foi uma sensação indescritível. E garanto-vos também que esse piano era um piano preto de cauda... Hoje, outro piano passou a habitar o meu cemitério. E mais uma vez digo isto com orgulho. Quando tiver passado tempo suficiente e já for permitido, falar-vos-ei dele. Posso apenas adiantar que também este é de cauda.

Memórias...

... das minhas putas tristes

"No ano de meus noventa anos quis me dar de presente uma noite de amor louco com uma adolescente virgem."
Gabriel García Márquez

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Em grande!

You can't always get what you want.
And if you try sometimes, you find
You get what you need

Oh yes baby!!!

Cegueira


Se já leram o «Ensaio sobre a Cegueira», sabem que o livro é difícil. Naturalmente, como quase tudo o que não é fácil, a sua conquista e compreensão aguça a vontade e a destreza.

Também este livro fala de dificuldades. Primeiro, da dificuldade de, ficando-se cego, conseguir viver num mundo construído para pessoas que vêem. Fala depois, da dificuldade de, sendo a única pessoa com visão, conseguir viver sob a regras de todo um mundo mudado para pessoas que deixaram de ver.

Aqui, no fim deste dia, no fim de todos estes dias, não consigo deixar de pensar que, de certo modo, esta é uma casa de cegos.

Sendo o pior cego, claro, aquele que não quer ver.

(En)Costas

Nas costas dos outros vemos as nossas.
Se(m) nos encostarmos muito, se estivermos com muita atenção até vemos o que eles fazem.