sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Cemitério de Pianos

Consegui dar nome ao meu cemitério depois de um livro que li recentemente com o mesmo título. Cemitério de pianos. O meu já começa a ter alguns... E o vosso? Alguns são de cauda, outros meros teclados que nem ousaram tocar. Digo isto com algum orgulho. Tenho um cemitério. O meu é de pianos... pianos, uma eterna frustação que me pesa a almofada à noite. Mas tenho um cemitério de coisas e pessoas que só eu percebo e consigo dar significado. Já vivi alguma coisa que me permite ter arquivo... aquele arquivo que, por ter passado um determinado tempo, já pode ser visto por outras pessoas... Tive esta mesma sensação quando, aos 16 anos, fui à escola primária buscar o meu processo. Todas as minhas fichas e testes que a senhora professora guardava numa pasta castanha - o meu processo - trancada a sete chaves. E posso garantir-vos que abrir aquela pasta e remexer em cada papel do seu interior foi uma sensação indescritível. E garanto-vos também que esse piano era um piano preto de cauda... Hoje, outro piano passou a habitar o meu cemitério. E mais uma vez digo isto com orgulho. Quando tiver passado tempo suficiente e já for permitido, falar-vos-ei dele. Posso apenas adiantar que também este é de cauda.

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